Transexualidade

por Maria Jaqueline Coelho Pinto*

Transexualidade é considerada como sendo o ponto extremo das desordens de identidade de gênero que se expressa por uma convicção inabalável de se pertencer ao sexo oposto, caracterizada por uma busca pela cirurgia de redesignação sexual.

Para entender a transexualidade, primeiramente é importante compreender o que é e como se forma a identidade de gênero do indivíduo.

A identidade de gênero refere-se à consciência interna que o indivíduo tem de pertencer ao gênero masculino ou feminino. Essa percepção ocorre por volta dos dois anos e meio de idade, quando a criança estabelece sua identidade sexual, desenvolvendo a consciência sobre seu corpo, identidade essa que vai em direção ao seu corpo biológico, percebendo-se menino ou menina. Isso precisa ser apreendido, por si mesmo, pelos pais e familiares e sociedade.

O que ocorre entre os transexuais, é que essa identidade sexual toma um rumo oposto ao seu corpo biológico e com isso apresentam um enorme conflito, pois desde a infância experienciam a sensação de ter nascido num corpo “trocado”, isto é, percebem-se aprisionados num corpo que não identificam como seu. São indivíduos que recusam totalmente o sexo que lhe foi atribuído ao nascimento, embora biologicamente não sejam portadores de qualquer anomalia, apresentam uma forte e persistente identificação com o sexo oposto ao seu e um desconforto e inadequação no papel do sexo biológico, condições essas irreversíveis.

Essa desarmonia entre o corpo e a mente, que o transexual refere sentir leva-o a um sofrimento psíquico, por acreditar que houve um erro na determinação do sexo anatômico. Na verdade o que ocorre é que seu desenvolvimento psicossexual por ser desviado em direção a uma identidade e papel de gênero que não corresponde ao seu sexo anatômico, tem por consequência uma inversão de sua identidade de gênero. Esse conflito vai sedimentando a convicção de pertencer ao sexo oposto e para eliminá-lo, o caminho visualizado passa a ser a realização de uma cirurgia de adequação sexual. Evidentemente, o transexual precisa de um diagnóstico, apoio psicoterápico, sustentação hormonal e sobretudo, amparo cirúrgico.

Em geral, psicólogos e psiquiatras fazem o diagnóstico da personalidade dos disfóricos de gênero, mas a seleção dos pacientes para cirurgia de transgenitalização obedecerá à avaliação de equipe multidisciplinar, constituída por médico psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogos e assistente social, ligados a entidades públicas ou privadas com registro no Conselho Federal de Medicina – CFM, seguindo aos critérios definidos a seguir: diagnóstico de disforia de gênero firmado, acompanhamento conjunto por dois anos, ser maior de 21 anos, ausência de características físicas inapropriadas para cirurgia e com consentimento informado e esclarecido do sujeito. Torna-se necessário a avaliação e definição de intervenções mais adequadas às características de cada caso, para uma decisão da conduta cirúrgica de conversão sexual, além de avaliações pré e pós-operatórias e ressocialização do indivíduo nos parâmetros sociais, psíquicos, sexuais e profissionais.

Nessa trajetória, que o transexual percorre em seu desenvolvimento psicossexual, leva-nos a uma compreensão do seu estado disfórico. O propósito terapêutico específico dos profissionais responsáveis, é o de adequar o sexo biológico ao sexo psíquico, proporcionando-lhes um caminho mais justo em que possam viver sua real identidade e um verdadeiro encontro consigo mesmo e com o mundo.


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