Seu jeito de ser mulher… incomoda-me!

por Dra. Maria Alves de Toledo Bruns*

“Realmente eu não sei o que ela tem, pois eu uso as grifes do momento que ela só sonha em poder usar… Mesmo assim, ela é mais admirada do que eu!”

“Por que ela é tão bem sucedida em seu projeto profissional enquanto eu continuo aqui nesse emprego há mais de 15 anos, e sem vislumbrar nada melhor?”

“Por que ela casou, descasou e está namorando aquele divorciado do banco e eu não consigo namorar nem o viúvo que trabalha comigo? E o que faz com que quando ela entra num lugar todos a olhem, se eu entro e saio e ninguém me vê?”

Quantas não são as mulheres que se fazem perguntas como essas logo após serem acometidas por esses sentimentos confusos, que misturam inveja, ciúmes e… culpa, já que, em muitos casos, experimentam essas desagradáveis sensações por mulheres que lhe são bem próximas, como primas, irmãs, amigas. Enfim, para causar este mal estar basta ser toda vibrante, alegre e aparecer acompanhada por um bem apessoado rapaz que planeja se casar – “produto valorizado pela escassez”, já que não falta quem afirme ser muito difícil ter um namorado atualmente, especialmente desse tipo “bem sucedido” e com o projeto de oficializar a relação.

Uma das razões de questionamentos e sentimentos dessa natureza é que, mesmo que seja para durar alguns meses, o casamento foi e continua sendo um acontecimento desejado, sonhado, idealizado pela mulher, que, em contrapartida, está cada vez mais exigente quanto às suas escolhas. De qualquer modo, casar é preciso!

Porém, o fato é que raramente é amistosa a relação de uma mulher com outra.

Via de regra, a competição, a inveja, o ciúme, a comparação estão sempre presentes entre elas. Nos casos de infidelidade do parceiro, por exemplo, é muito comum a mulher atribuir à rival toda a culpa pela traição, de modo a eximir a participação do namorado ou marido, como se isto fosse possível. O modo de ser da mulher “rival”, ou seja, o como ela expressa sua feminilidade, sua sensualidade e erotismo é que mexe com o sentimento de inferioridade da ciumenta, sentimento originado pela fragilizada autoestima e pela supervalorização que ela atribui à figura masculina.

É fato que a mulher vem conquistando espaços cada vez mais sólidos e significativos tanto no campo profissional quanto no sexual. Mas é a qualidade dessa conquista, a ser bem pensada e trabalhada, individualmente ou em grupo, que vai favorecê-la a apropriar-se de sua feminilidade, condição riquíssima que lhe constitui verdadeiramente para além de um cargo ou de um parceiro.

*Dra. Maria Alves de Toledo Bruns é líder do Grupo de pesquisa Sexualidadevida e co-autora do livro “Educação Sexual pede Espaço: Novos horizontes para a práxis pedagógica”, editora Omega.


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