O vínculo paterno

por Dra. Maria Alves de Toledo Bruns*

A Transformações culturais, econômicas, políticas, sociais e tecnológicas modificam nossas relações de trabalho, e desencadeiam mudanças na constituição familiar e vice-versa. Nessa dinâmica, nota-se uma significativa flexibilização nos papéis de gêneros, bem como novas interações entre homem e mulher. A inserção da mulher no mercado de trabalho desencadeou modificações na constituição da família, bem como nos demais setores da sociedade.

O homem co-autor de todas essas rápidas mudanças se percebe em situações nunca antes vividas. Afinal, não é mais o único a prover! Perdas e ganhos? Sem dúvidas!

Depende do foco. Deslocado de seu centro de poder o homem durão, forte, machão, produzido pelo modelo patriarcal, vem tendo dificuldade em assimilar o seu novo lugar que se constitui em participar na divisão das tarefas domésticas e de exercer a função paterna de modo que o(a) filho(a) se perceba vinculado(a) afetivamente.

O destaque recai no vínculo paterno. Ao desempenhar a função de “asseguramento” ao (a) filho (a), o pai lhe transmite suas vivências e valores e assim participa de sua construção psíquica. Esse novo pai é amoroso, estabelece limites, mobiliza diálogos entre os familiares, está sempre atento para decodificar aquele gesto do (a) filho (a) que denuncia o início do contato com as drogas, ou ainda aquele código de disfarce que adolescentes utilizam para driblar suas angústias em relação ao objeto de seu desejo sexual.

O desejo homoerótico é fonte de angústia de adolescentes. O pai cuidadoso acolhe, escuta, dialoga com o (a) filho (a). O pai cuidadoso tem consciência de seu lugar no processo de desenvolvimento sócio-afetivo do(a) filho(a) e assume que a terceirização da função paterna é insubstituível. O que não significa dizer que os “cuidadores modernos de nossos (as) filhos (as) – educadores(as), orientadores(as), psicopedagogos(as), professores(as), psicoterapeutas” – não possam oferecer suporte aos conflitos familiares. Eles(as) podem e o fazem com competência.

Não raro a atuação do profissional é indispensável para mediar a resolução de conflitos entre pai e filho(a. Outro aspecto do pai cuidadoso a se ressaltar é o reconhecimento das responsabilidades paternas ao não delegar aos avós a função de educarem os(as) netos(as); comportamento tão em moda em nossos dias.

Ser pai amoroso é um projeto que se realiza no dia-a-dia da rotina familiar, é se apropriar da paternidade não como simples amador, mas sim como um líder, um modelo a ser seguido pelas gerações futuras.

*Dra. Maria Alves de Toledo Bruns é líder do Grupo de pesquisa Sexualidadevida e co-autora do livro “Educação Sexual pede Espaço: Novos horizontes para a práxis pedagógica”, editora Omega.


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