Diálogo amoroso entre pais e filhos/as

por Dra. Maria Alves de Toledo Bruns*

A erotização da vida cotidiana, frequente nas propagandas, nas novelas e nos filmes, bem como o fácil acesso à Internet e a outras vias de comunicação, contribui para despertar – não só nos adultos, mas também nos jovens e nas crianças – a curiosidade e o fascínio pelo sexo. Essa erotização desvinculada do cuidado com a criança/o adolescente, a sinalização somente do lado efêmero e descompromissado da atividade sexual e o foco da mídia voltado para esse aspecto colaboram para que jovens se lancem às práticas sexuais sem os cuidados necessários.

Os meios de comunicação perdem uma excelente oportunidade para alertar os jovens quanto às consequências de uma gravidez – de uma maternidade/paternidade indesejada – e das consequências de doenças sexualmente transmissíveis. Essa realidade, somada aos desoladores casos de pedofilia, entre outras violências, deveria levar mães e pais a quebrarem o silêncio, deixarem de lado a vergonha, o medo e os tabus referentes a sexo e instituírem o diálogo-amoroso com o objetivo de esclarecerem as curiosidades e dúvidas de filhos/as de modo a estabelecerem um clima de amizade acolhedora. O diálogo amoroso possui o poder – de facilitar a admiração e a amizade, bem como de sanar futuros e indigestos problemas advindos do desconhecimento, ou mesmo da negligência, quanto a limites e riscos relativos às DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).

Em nosso país, estudos revelam que 50% das famílias de infratores são filhos de pais que abandonaram suas responsabilidades. A ausência do pai não afeta somente as famílias de baixa renda, e nem significa simplesmente ausência física do pai. Refiro-me também aos pais (de corpo) presentes, mas ausentes. No processo dinâmico de construção da nossa autoimagem e inteligência emocional, o contato com o pai e a mãe são fontes de referência para nos tornarmos adultos compromissados com não só com o nosso projeto de vida, mas com a solidariedade com o outro. A falta de um convívio amigável com o/a filho/a propicia a este demarcar sua presença através de atos agressivos. Quando a agressividade, no entanto, é canalizada para atos criativos e afetivos, a convivência familiar e social, tão necessária para a formação positiva de nossa autoimagem, se reverte em atos de solidariedade.

É no convívio com o outro que nos definimos como sujeito. Desse modo, a mãe e pai, e os/as profissionais que auxiliam no cuidado/orientação das crianças/adolescentes são seus espelhos.

*Dra. Maria Alves de Toledo Bruns é líder do Grupo de pesquisa Sexualidade & Vida e co-autora do livro “Educação Sexual pede Espaço: Novos horizontes para a práxis pedagógica”, editora Omega.


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